domingo, 28 de fevereiro de 2010

Descendo pra Chalten...

 Extraído de: http://pixdaus.com/.

Fala pessoal,

Amanhã embarco para El Calafate, para que na terça-feira ou quarta, esteja chegando em Chalten para quase 30 dias de caminhadas e talvez escaladas por lá.

Março é final de temporada, e muito provavelmente as escaladas mais longas serão quase impossíveis, mas se aparecer oportunidades de escalar as agulhas menores, como a Guillaumet, de la S, Mermoz, entre outras, não perderei obviamente a oportunidade.

Se conseguir voltar com um agulha na bagagem estará muito bom. Além disso penso que a travessia do campo de gelo continental sul é outra boa opção.

Estarei só por duas semanas, até a chegada de um amigo brasileiro que deverá descer em duas semanas.

É isso aí! Vamos ver o que dá! Com esse tempo maluco vai que abre uma janela de 10 dias no meio do mês! :-)

Forte abraço!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Escalando a "Na Berola" (4º V E2 180m). Pedra da Maria Antônia.


 Eu, terminando a via, na quinta enfiada.

Fala pessoal,

Ontem eu e o Tacio Philip fomos escalar mais um pouco e o destino, como tínhamos que ir e voltar no mesmo dia, foi a pedra da Maria Antônia, em Pedra Bela/SP, nas proximidades de Bragança Paulista.

A idéia seria escalar alguma coisa nova e inteiramente em móvel, uma linha que o Tacio havia visto a algum tempo atrás, mas quando chegamos no local logo visualizamos por um croqui que a linha proposta pelo Tacio já havia sido escalado anteriormente e que ela coincidia com a via "Na Berola", ou algo bem próximo dela.

Tacio guiando a primeira enfiada.

A via, que dá acesso ao cume, têm graduação proposta de 4º V, e creio que ficou por isso mesmo. As 5 enfiadas realizadas são bastantes interessantes e para escalar a via é necessário um jogo de friends até o equivalente ao Camalot #5 e um jogo de stoppers.

O Tacio iniciou a primeira enfiada, por volta de 30 metros, tendo passado até a parada três peças móveis, sendo um Camalot #5 (equivalente), um friend pequeno e mais um stopper médio em um linha reta. Todas as colocações se dão em buracos e não em fissuras e fendas, então o guia precisa prestar atenção para não acabar pulando.

 Ainda na primeira enfiada.

Na sequência, a segunda enfiada segue por uma canaleta, que estava muito suja e com muita vegetação e por isso decidimos seguir a direita da mesma, sendo que o Tacio guiou a enfiada tendo passado uma peça inicial em um buraco na diagonal direita da parada e depois usando as proteções da "Via 9".

Chegamos então na base de outra fenda, esta com um início mais vertical e menos suja, sendo que eu assumi a guiada passando algumas peças pequenas e ao final da parte mais vertical passando o nosso maior friend, equivalente ao Camalot #5. Daí a fenda segue mais positiva e consequentemente é possível aumentar o grau de exposíção. Ao se chegar em um antigo grampo "P", a fenda se torna muito ruim por excesso de mato, praticamente instransponível, o que me forçou a seguir para a parada da via (já havíamos retornado à "Na Berola") e dar segurança pro Tacio.

 Eu, guiando a terceira enfiada.

Ele subiu rapidamente e iniciou a guiada da quarta enfiada, tendo seguido para direita devido a sujeira. A quinta enfiada recoube a mim, que não precisa de peças móveis, tendo sido um longo arremate ao cume, com um único lance mais chato (provável 5º grau), sendo que esta última enfiada de pouco mais de 60 metros (o que nos obrigou a entrar brevemente na francesa) teve somente uma proteção intermediária.

Chegando ao cume, desfrutamos do término da via, tiramos fotos e iniciamos o rapel que foi feito pelo "Paredão Enzo Davanzo", sendo que chegamos de volta ao carro por volta das 16h00. O tempo não ajudava e por isso decidimos retornar à Bragança Paulista para lanchar e retornar para sampa.

 No cume da Maria Antônia.

A escalada foi bem bacana e bem proveitosa.
É isso aí!

Um forte abraço!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Escaladas na Pedra Bela/SP. Excelente local para treino.


Fala pessoal,

Hoje fui escalar com o Tacio Philip e com a Paulinha na Pedra Bela, interior de sampa, por volta de 1h30 de marginal Tietê.

O Tacio passou em casa por volta das 08h00 e quado eram 10h30 estávamos subindo a fácil trilha que chega em uma das paredes da pedra e lá nos estacionamos para entrar na primeira via do dia, a Adrenalina (6a).

 
Adrenalina (6a).

 
 Adrenalina (6a).

O Tacio saiu na frente equipando e guiando, a Paulinha entrou de Top Rope e depois eu também mandei guiando. Terminada essa, eu e o Tacio prosseguimos escalando as vias da direita pulando algumas, já que o Tacio está com uma lesão na mão esquerda (até fisioterapia) e não pode forçar naquela regletera danada de lá.

Mandamos além da Adrenalina mais 5 vias, sendo uma outra de 6º grau e quatro de 5º grau. Ainda tentei no final do dia entrar em um 7a, mas não consegui obter um resultado lá muito favorável. As vias que mandamos foram:

- Adrenalina (6a),
- Via nº 5 (5º),
- Via nº 6 (5º),
- Via nº 9 (6a),
- Via nº 10 (5º),
- Via nº 11 (5º).

Todas da parede frontal.

 Emerson, escalando a via nº 6 (5º grau) da parede frontal.

O Tacio ainda mandou com a Paulinha uma via, creio que a Maracujina até o cume e quando eram por volta das 16h00 estávamos indo para o centro de Bragança Paulista para se refrescar com um Açaí e retornar para sampa.

 Paulinha e Tacio na Via Maracujina (3º grau), no lado direito da Pedra Bela.

A rocha em Pedra Bela é constituída por cristais, até mesmo bolotas, e alguns regletes quebradiços. As vias lá variam desde 3º grau até 8º, tendo assim espaço para muitos níveis de escaladores. O local é também bastante utilizado como campo-escola. Enfim, um excelente local de treino.

Até a próxima.

Abraços!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Curso de Deslocamento em Glaciar e Escalada em Gelo - Parte II


Bom, continuando a escrever..

Depois do Ventisquero e todo a carga téorica e prática de escalada em gelo, pegamos a trilha para o Refugio Otto Meiling, e muito preguiçoso mandei o grosso do meu equipo subir de cavalo, sobrando assim uma mochila de ataque para mim.

A Simone e o Rick fizeram o mesmo e com isso conseguimos ganhar um tempo precioso que seria importante ao final do dia. Fomos subindo a após 04h55min de subida cheguei ao refúgio, que para a minha surpresa era extremamente agradável e caro.


Simone na trilha com os Seracs do glaciar Castaño Overo ao fundo.

Ele oferece 40 acomodações para quem quiser, a preço diário de 50 pesos, devendo o cliente levar um saco de dormir para estivar sobre o colchão. Além disso a lanchonete oferece uma boa infraestrutura oferecendo pratos muito bons e também muito caros.

Como acabei chegando um pouco antes do Rick e da Simone fui adiantando e montando a barraca (uma Quechua T2 Light, muito boa por sinal) já que o tempo esfriava e o pessoal do refúgio já alertava que aquela seria a noite mais fria das últimas semanas.

Barraca após a primeira noite na parte alta da montanha (-10ºC durante a madrugada).

Quando o Rick e a Simone chegaram a barraca já estava montada e assim o Rick montou a outra barraca enquanto íamos preparando os sacos de dormir e as demais coisas. A Simone achou melhor aquela primeira noite, dormir no abrigo, por conta do frio intenso e seu saco de dormir ter temperatura de conforto não tão baixa e com isso dormimos na barraca somente eu e o Rick. Aquela foi a noite mais fria da viagem tendo chegado ao -10ºC, a penúltima noite depois foi bem fria tendo chegado aos -8ºC.

No outro dia, acordamos e fomos preparando o café e os equipos para a aula de "detenção em caso de queda", aula muito boa e técnica, onde aprendemos as técnicas e praticamos bastante. Vimos outros fatores também, e quando eram por volta das 18h00 estávamos encerrando as atividades.

Cerro Tronador. Pico Internacional à esquerda e Pico Argentino à direita.

No outro dia, de maneira sempre acumulativa, revisamos o passado no dia anterior e estudamos outros itens como o estudo da neve, do gelo, suas propriedades, como se foram as avalanches, suas propriedades, inclusive aprendendo a verificar pelo método do "Trapézio Noruego" a qualidade do gelo/neve e poder prever riscos de avalanches.

No dia seguinte aprendemos as técnicas de deslocamento encordado em glaciares (regiões com gretas), auto-resgate em greta e resgate também em greta. Fizemos um intensivo de nós.

Maximo preparando o trapezio noruego.

 
Pessoal treinando nas gretas do glaciar Castaño Overo.

Maximo montando uma parada com estacas.

No dia seguinte, seria "meio expediente", sendo a parte da manhã estudo do ARVA, nós e uso de estacas e do Deadman e com isso encerramos o ciclo e aprendizagem.

Ficara combinado que tentaríamos o cume do Pico Argentino do Cerro Tronador, e que levantaríamos por volta das 02h30, reuniríamos para o café e saíríamos por volta das 03h30. Entretando o tempo foi muito ruim, com vento e chuvas, e quando eram por volta das 02h40 o Nativo veio nos avisar que o plano havia sido alterado e que deveríamos nos reunir para alguma caminhada em glaciares por volta das 06h00.


Visual do acampamento. Repare a nossa barraca embaixo na centroesquerda.

Assim nos reunimos e saímos para caminhar e após quase 09h de caminhadas nos glaciares Castaño Overo, Frías e Alerce retornamos para o acampamento. A caminhada foi bastante interessante com trechos com gretas, inclusive eu tendo afundado meu pé esquerdo numa parando na altura da cintura. Quando tirei o corpo só vi a negritude da profundidade.

Rick e Simone no acampamento com o Tronador ao fundo.

Pessoal no glaciar Frías.

Joias, Sergio argentino, Lucas e Sergio.

Preparando para o regresso ao refugio pelo glaciar Alerce.

No dia seguinte descemos para a Pampa Linda onde recebemos os diplomas e seguimos para Bariloche, onde mais a noite nos reuniriamos para comemorar!

O curso foi muito produtivo e realmente recomendo o curso a todos. Recebi além disso um manual impresso e um CD com informações complementares e os guias a todo o momento foram muito profissionais e mostraram-se capazes.

 Olha eu na greta aí! Parece que estou caindo mas só estou acenando pra câmera! Foto por Carmen Figueroa.

Dali, eu, o Rick e a Simone ainda tentamos fazer o vulcão Lanin, mas não conseguimos entrar no Parque a tempo e com isso tive que voltar pra Bariloche para regressar ao Brasil.

Imagem patagônica: ao invés de pombos, nos postes têm-se falcões.

 Pessoal reunido ao final em Bariloche.

Do curso, além do aprendizado, do currículo, ficam as amizades feitas, já que nosso grupo, formado por 11 alunos, cito Eu, Rick, Simone, Rodrigo, Xuxa, Carmen, Lucas, Sergio, Sergio Argentino, Emerson e Josias, foi unido a todo o momento e aí está uma amizade bem construída.

Qualquer pessoa que tenha interesse em fazer o curso pode acessar o site da empresa através desse link:
http://www.andesascensiones.com/

Espero que tenham gostado e até a próxima aventura, que começa dia 01 de março com meu embarque para El Chaltén.

Abraços!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Curso de Deslocamento em Glaciar e Escalada em Gelo - Parte I

Cerro Tronador ao entardecer.

Fala pessoal,

Cheguei hoje pela manhã de Bariloche/ARG, onde durante nove dias fiz o "Curso de Deslocamento em Glaciar e Escalada em Gelo", por uma empresa chamada "Andesascenciones", onde tivemos como instrutores o guia argentino Maximo Schneider, o guia brasileiro Ronaldo Franzen Jr (Nativo) e o guia também argentino Mauricio Caudillo.

 Bariloche, com o lago Nahuel Huapi ao fundo.

Iniciamos o curso no dia 4 de fevereiro com uma reunião no centro de Bariloche onde ficou acertado os pormenores do início do curso que se iniciou no dia 6 de fevereiro com nosso deslocamento das proximidades do CAB (Clube Andino Bariloche) para o "Ventisquero Negro", glaciar baixo do complexo do vulcão Tronador, onde iríamos dar início as atividades de aprendizado em escalada em gelo.

 No albergue ainda em Bariloche, antes da partida. Simone abaixo.



Simone e o Rick comprando os mantimentos.

Passadas as compras dos mantimentos em Bariloche, o primeiro dia, após o nosso deslocamento, foi de acampamento numa região próxima ao "ventisquero" (aproximadamente 1 hr do local das aulas), mas a chuva constante fez com que os guias adiassem o início do curso para o dia seguinte, e assim, eu, o Rick Nonaka e a Simone, que dividiamos uma barraca para dois, ficamos recolhidos por quase 20 horas até as 8 hrs do dia seguinte.

Dali seguimos para o local do curso, onde os guias começaram a passar as informações de uso de "crampons" e das botas rígidas e os estilos de caminhada em gelo, que treinamos bastante. Na sequência, foram passadas as informações de manuseio e uso das piquetas de travessias e técnicas (piolet-bastão, piolet-apoio, piolet-punhal e piolet-tração) além dos tipos de deslocamento com este tipo de ferramenta suas modalidades de acordo com o tipo de gelo e inclinação (pendente) a ser vencida.

Retornamos ao acampamento após quase 9 hrs de exercícios e informações.

Eu e a Simone treinando a técnica piolet-tração.

Sequência.

Rick e Simone treinando a pisada de dez pontas (francesa).

No dia seguinte, retornamos ao local de treino onde refizemos exaustivamente os treinamento do dia anterior  e dessa vez foi passada as informações e treinos para a escalada técnica em gelo, ascenção e travessia, montagem de parada com os grampos de gelo (ice screw), rapel em gelo e outras técnicas.

No terceiro dia fizemos mais uma vez um ensaio dos dias anteriores, muita escalada em gelo, inclusive com top rope armado em parede de gelo com pendente de 75º-80º, terminando o dia com um deslocamento no glaciar do Ventisquero Negro, guiado pelo Maximo Schneider e pelo Nativo.

 Cruzeiro do sul no céu do acampamento.

Conversas noturnas no Ventisquero.

Retornando ao acampamento, nos preparamos para no dia seguinte nos deslocarmos até Pampa Linda e iniciar a subida à parte alta do Tronador para os treinamentos em neve e para os deslocamentos em glaciares.

Vale a pena dizer o visual a todo o momento estonteante e as diversas avanlanches que víamos diariamente vindas do Cerro Tronador. Além disso, a conversa jogada fora e os jantares a noite em nossa acampamento.

Continua...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Retornando aos campos patagônicos!

Vulcão Tronador.

Fala pessoal,

Dia 3 de fevereiro, às 07h00, partirá meu avião de Guarulhos com destino à San Carlos de Bariloche, região norte da patagônia argentina, onde de 6 de fevereiro até 14 de fevereiro irei participar de um curso de "Escalada em Gelo e Progressão em Glaciares" com meus amigos Ricardo Nonaka e Simone Miranda.

Serão 9 dias de curso, curso este que já estou devendo faz tempo, sendo que ao final do curso devemos escalar o Vulcão Tronador pelo Pico Argentino (3.441m) e posteriormente, no dia 18 de fevereiro, devo retornar ao Brasil para um período de dez dias somente.

No dia 1 de março regresso novamente para a patagônia, dessa vez para El Chaltén, onde irei permanecer por 28 dias à espera de alguma boa oportunidade de escalar as fascinantes e perigosas agulhas daquela região, dando ênfase para as mais comumente escaladas como a Aguja Guillaumet, Aguja de la S, Aguja Poincenot e Aguja Mermoz. O meu amigo Tacio Philip irá se juntar à aventura nas últimas duas semanas de março.

Terei ao longo do tempo oportunidade de postar algumas mensagens no blog e assim vou passando aqui as informações da viagem e das vias que eu conseguir mandar!

Um forte abraço a todos e torçam por mim!