sábado, 20 de fevereiro de 2010

Curso de Deslocamento em Glaciar e Escalada em Gelo - Parte II


Bom, continuando a escrever..

Depois do Ventisquero e todo a carga téorica e prática de escalada em gelo, pegamos a trilha para o Refugio Otto Meiling, e muito preguiçoso mandei o grosso do meu equipo subir de cavalo, sobrando assim uma mochila de ataque para mim.

A Simone e o Rick fizeram o mesmo e com isso conseguimos ganhar um tempo precioso que seria importante ao final do dia. Fomos subindo a após 04h55min de subida cheguei ao refúgio, que para a minha surpresa era extremamente agradável e caro.


Simone na trilha com os Seracs do glaciar Castaño Overo ao fundo.

Ele oferece 40 acomodações para quem quiser, a preço diário de 50 pesos, devendo o cliente levar um saco de dormir para estivar sobre o colchão. Além disso a lanchonete oferece uma boa infraestrutura oferecendo pratos muito bons e também muito caros.

Como acabei chegando um pouco antes do Rick e da Simone fui adiantando e montando a barraca (uma Quechua T2 Light, muito boa por sinal) já que o tempo esfriava e o pessoal do refúgio já alertava que aquela seria a noite mais fria das últimas semanas.

Barraca após a primeira noite na parte alta da montanha (-10ºC durante a madrugada).

Quando o Rick e a Simone chegaram a barraca já estava montada e assim o Rick montou a outra barraca enquanto íamos preparando os sacos de dormir e as demais coisas. A Simone achou melhor aquela primeira noite, dormir no abrigo, por conta do frio intenso e seu saco de dormir ter temperatura de conforto não tão baixa e com isso dormimos na barraca somente eu e o Rick. Aquela foi a noite mais fria da viagem tendo chegado ao -10ºC, a penúltima noite depois foi bem fria tendo chegado aos -8ºC.

No outro dia, acordamos e fomos preparando o café e os equipos para a aula de "detenção em caso de queda", aula muito boa e técnica, onde aprendemos as técnicas e praticamos bastante. Vimos outros fatores também, e quando eram por volta das 18h00 estávamos encerrando as atividades.

Cerro Tronador. Pico Internacional à esquerda e Pico Argentino à direita.

No outro dia, de maneira sempre acumulativa, revisamos o passado no dia anterior e estudamos outros itens como o estudo da neve, do gelo, suas propriedades, como se foram as avalanches, suas propriedades, inclusive aprendendo a verificar pelo método do "Trapézio Noruego" a qualidade do gelo/neve e poder prever riscos de avalanches.

No dia seguinte aprendemos as técnicas de deslocamento encordado em glaciares (regiões com gretas), auto-resgate em greta e resgate também em greta. Fizemos um intensivo de nós.

Maximo preparando o trapezio noruego.

 
Pessoal treinando nas gretas do glaciar Castaño Overo.

Maximo montando uma parada com estacas.

No dia seguinte, seria "meio expediente", sendo a parte da manhã estudo do ARVA, nós e uso de estacas e do Deadman e com isso encerramos o ciclo e aprendizagem.

Ficara combinado que tentaríamos o cume do Pico Argentino do Cerro Tronador, e que levantaríamos por volta das 02h30, reuniríamos para o café e saíríamos por volta das 03h30. Entretando o tempo foi muito ruim, com vento e chuvas, e quando eram por volta das 02h40 o Nativo veio nos avisar que o plano havia sido alterado e que deveríamos nos reunir para alguma caminhada em glaciares por volta das 06h00.


Visual do acampamento. Repare a nossa barraca embaixo na centroesquerda.

Assim nos reunimos e saímos para caminhar e após quase 09h de caminhadas nos glaciares Castaño Overo, Frías e Alerce retornamos para o acampamento. A caminhada foi bastante interessante com trechos com gretas, inclusive eu tendo afundado meu pé esquerdo numa parando na altura da cintura. Quando tirei o corpo só vi a negritude da profundidade.

Rick e Simone no acampamento com o Tronador ao fundo.

Pessoal no glaciar Frías.

Joias, Sergio argentino, Lucas e Sergio.

Preparando para o regresso ao refugio pelo glaciar Alerce.

No dia seguinte descemos para a Pampa Linda onde recebemos os diplomas e seguimos para Bariloche, onde mais a noite nos reuniriamos para comemorar!

O curso foi muito produtivo e realmente recomendo o curso a todos. Recebi além disso um manual impresso e um CD com informações complementares e os guias a todo o momento foram muito profissionais e mostraram-se capazes.

 Olha eu na greta aí! Parece que estou caindo mas só estou acenando pra câmera! Foto por Carmen Figueroa.

Dali, eu, o Rick e a Simone ainda tentamos fazer o vulcão Lanin, mas não conseguimos entrar no Parque a tempo e com isso tive que voltar pra Bariloche para regressar ao Brasil.

Imagem patagônica: ao invés de pombos, nos postes têm-se falcões.

 Pessoal reunido ao final em Bariloche.

Do curso, além do aprendizado, do currículo, ficam as amizades feitas, já que nosso grupo, formado por 11 alunos, cito Eu, Rick, Simone, Rodrigo, Xuxa, Carmen, Lucas, Sergio, Sergio Argentino, Emerson e Josias, foi unido a todo o momento e aí está uma amizade bem construída.

Qualquer pessoa que tenha interesse em fazer o curso pode acessar o site da empresa através desse link:
http://www.andesascensiones.com/

Espero que tenham gostado e até a próxima aventura, que começa dia 01 de março com meu embarque para El Chaltén.

Abraços!

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