Bom, continuando a escrever..
Depois do Ventisquero e todo a carga téorica e prática de escalada em gelo, pegamos a trilha para o Refugio Otto Meiling, e muito preguiçoso mandei o grosso do meu equipo subir de cavalo, sobrando assim uma mochila de ataque para mim.
A Simone e o Rick fizeram o mesmo e com isso conseguimos ganhar um tempo precioso que seria importante ao final do dia. Fomos subindo a após 04h55min de subida cheguei ao refúgio, que para a minha surpresa era extremamente agradável e caro.
Simone na trilha com os Seracs do glaciar Castaño Overo ao fundo.
Ele oferece 40 acomodações para quem quiser, a preço diário de 50 pesos, devendo o cliente levar um saco de dormir para estivar sobre o colchão. Além disso a lanchonete oferece uma boa infraestrutura oferecendo pratos muito bons e também muito caros.
Como acabei chegando um pouco antes do Rick e da Simone fui adiantando e montando a barraca (uma Quechua T2 Light, muito boa por sinal) já que o tempo esfriava e o pessoal do refúgio já alertava que aquela seria a noite mais fria das últimas semanas.
Barraca após a primeira noite na parte alta da montanha (-10ºC durante a madrugada).
Quando o Rick e a Simone chegaram a barraca já estava montada e assim o Rick montou a outra barraca enquanto íamos preparando os sacos de dormir e as demais coisas. A Simone achou melhor aquela primeira noite, dormir no abrigo, por conta do frio intenso e seu saco de dormir ter temperatura de conforto não tão baixa e com isso dormimos na barraca somente eu e o Rick. Aquela foi a noite mais fria da viagem tendo chegado ao -10ºC, a penúltima noite depois foi bem fria tendo chegado aos -8ºC.
No outro dia, acordamos e fomos preparando o café e os equipos para a aula de "detenção em caso de queda", aula muito boa e técnica, onde aprendemos as técnicas e praticamos bastante. Vimos outros fatores também, e quando eram por volta das 18h00 estávamos encerrando as atividades.
Cerro Tronador. Pico Internacional à esquerda e Pico Argentino à direita.
No outro dia, de maneira sempre acumulativa, revisamos o passado no dia anterior e estudamos outros itens como o estudo da neve, do gelo, suas propriedades, como se foram as avalanches, suas propriedades, inclusive aprendendo a verificar pelo método do "Trapézio Noruego" a qualidade do gelo/neve e poder prever riscos de avalanches.
No dia seguinte aprendemos as técnicas de deslocamento encordado em glaciares (regiões com gretas), auto-resgate em greta e resgate também em greta. Fizemos um intensivo de nós.
Maximo preparando o trapezio noruego.
Pessoal treinando nas gretas do glaciar Castaño Overo.
Maximo montando uma parada com estacas.
No dia seguinte, seria "meio expediente", sendo a parte da manhã estudo do ARVA, nós e uso de estacas e do Deadman e com isso encerramos o ciclo e aprendizagem.
Ficara combinado que tentaríamos o cume do Pico Argentino do Cerro Tronador, e que levantaríamos por volta das 02h30, reuniríamos para o café e saíríamos por volta das 03h30. Entretando o tempo foi muito ruim, com vento e chuvas, e quando eram por volta das 02h40 o Nativo veio nos avisar que o plano havia sido alterado e que deveríamos nos reunir para alguma caminhada em glaciares por volta das 06h00.
Visual do acampamento. Repare a nossa barraca embaixo na centroesquerda.
Assim nos reunimos e saímos para caminhar e após quase 09h de caminhadas nos glaciares Castaño Overo, Frías e Alerce retornamos para o acampamento. A caminhada foi bastante interessante com trechos com gretas, inclusive eu tendo afundado meu pé esquerdo numa parando na altura da cintura. Quando tirei o corpo só vi a negritude da profundidade.
Rick e Simone no acampamento com o Tronador ao fundo.
Pessoal no glaciar Frías.
Joias, Sergio argentino, Lucas e Sergio.
Preparando para o regresso ao refugio pelo glaciar Alerce.
O curso foi muito produtivo e realmente recomendo o curso a todos. Recebi além disso um manual impresso e um CD com informações complementares e os guias a todo o momento foram muito profissionais e mostraram-se capazes.
Olha eu na greta aí! Parece que estou caindo mas só estou acenando pra câmera! Foto por Carmen Figueroa.
Dali, eu, o Rick e a Simone ainda tentamos fazer o vulcão Lanin, mas não conseguimos entrar no Parque a tempo e com isso tive que voltar pra Bariloche para regressar ao Brasil.
Imagem patagônica: ao invés de pombos, nos postes têm-se falcões.
Pessoal reunido ao final em Bariloche.
Qualquer pessoa que tenha interesse em fazer o curso pode acessar o site da empresa através desse link:
http://www.andesascensiones.com/
Espero que tenham gostado e até a próxima aventura, que começa dia 01 de março com meu embarque para El Chaltén.
Abraços!