Visão geral da Potash Road, com a Wall Street à esquerda.
Caros amigos! Mais uma viagem concluída!
Durante o mês de setembro, eu e os meus amigos Fábio Kanashiro e Wellington Pereira fizemos um baita tour de escalada pelos Estados Unidos, passando por dois points super clássicos: Moab, em Utah e Yosemite, na Califórnia. Especificamente o primeiro (Moab) foram escaladas feitas por mim e pelo Wellington. Já em Yosemite juntou-se ao grupo o Fábio Kanashiro.
Como foram 30 dias de escaladas quase diárias e consequentemente muitas informações irei fracionar os relatos em alguns posts distintos:
- Dicas de viagem para Moab e escaladas em Potash Road (wall street),
- Escalada da Ancient Art, nas Fisher Towers,
- Escalada da Castleton Tower, pela via Kor-Ingalls,
- Escaladas em Indian Creek, e
- Escaladas em Arches,
- Dicas de viagem para Yosemite, escalada da via Royal Arches e outras escaladas em livre,
- Escalada da via West Face, da Leaning Tower, e por último
- Escalada da via Lurking Fear, no El Capitan.
Primeiramente podemos dizer que o deserto foi uma escolha por conta de alguns fatores tais como:
- curiosidade em conhecer o deserto e suas torres,
- curiosidade em escalar no arenito da região (mundial famoso por suas fendas paralelas), e
- curiosidade em escalar sob as altas temperaturas.
Decidido que iríamos escalar nessa região durante uns 10 dias e que somente depois iríamos para Yosemite, compramos nossas passagens (o Wellington que já estava nos EUA iria diretamente de San Francisco, onde estava), sendo que eu comprei diretamente de São Paulo para Moab, com uma escala em Detroit e outra escala em Salt Lake City. O preço final foi praticamente o mesmo caso eu comprasse somente até Salt Lake City, o que significa dizer que achei vantajoso comprar a passagem com destino final para Moab, chegando lá de EMB-120 Brasília. Para que você tenham uma idéia eu paguei em todos os trechos (São Paulo-Detroit-Salt Lake-Moab, Moab-Salt Lake-San Francisco e San Francisco-Detroit-São Paulo) R$ 3.500,00.
Parti de sampa no dia 01 de setembro, sendo que após 17 horas de vôos chegava no pequeno aeroporto de Moab (Canyonlands Field) onde esperaria o Wellington me buscar, uma vez que ele chegaria antes do que eu. Fiquei no aeroporto durante um bom tempo, porém sem que ele chegasse comecei a ver que algo tinha acontecido. Após conseguir acesso à internet vi que ele havia saltado do trem em uma cidade chamada Green River e que apesar de ser próxima de Moab (50 e poucas milhas) ele não estava conseguindo arranjar ônibus ou outra condução para Moab, já que para ajudar lhe haviam informado que no estado de Utah é ilegal "dar ou pedir caronas". Com isso tive que pagar um transfer para a cidade (o aeroporto fica há quase 20 milhas de lá) e então alugar por um dia um carro para pudéssemos acertar nossa vida.
Por fim, quando era no final da tarde consegui pegá-lo em Green River para então começar a procurar um local para ficarmos. Nós não sabíamos, porém Moab é uma cidade que apresenta uma dificuldade grande para se encontrar abrigo. Apesar dos muitos hotéis, a procura é fervorosa e os preços nada animadores. Existem diversas opções de campings e somente uma opção de hostel, o Lazy Lizard: www.lazylizardhostel.com. Para nossa sorte, essa que era nossa primeira opção foi bem sucedida e assim passamos uma noite em um quarto de 17 dólares a diária e depois fomos para os quartos coletivos, onde pagamos meros 10 dólares/dia. Com isso escapamos dos altos custos dos hotéis e ficamos confortavelmente instalados num local com cama, banheiro, geladeira e TV. O Hostel se mostrou muito bacana, com um staff acessível e com instalações razoavelmente boas (ainda mais considerando o preço). Saímos então para comer algo e logo estávamos dormindo para terminar de acertar outros detalhes no dia seguinte e aí começar as escaladas.
Já no dia posterior acordamos tarde, após uma péssima noite de sono (devido aos roncos quase ensurdecedores de um amigo de quarto), e fomos resolver alguns problemas tais como alguns equipos que queríamos comprar (recomendo a loja www.moabgear.com - melhor inclusive que a MountainShop de Yosemite Valley), alugar o carro em definitivo para então, já no meio da tarde escalarmos nossas primeira vias em Wall Street, na beira da Potash Road.
Lá é um excelente local para conhecer e sentir a escalada predominante. São centenas de vias ao longo de 1 milha de estrada. Como estávamos começando e como de praxe escolhemos algumas vias fáceis e logo estávamos descendo por conta da luz. Nossa primeira impressão tinha sido muito positiva e a parede de arenito apresentava-se bastante sólida. Nesse dia escalamos as vias "Top40" (5.8, um diedro todo em móvel), "Brown Banana" (5.9, esportiva com um arenito meio esfarelento) e "Slab" (5.8, outro esportiva, com um granito mais sólido).
Voltamos para a cidade e passamos no supermercado onde compramos nossa comida e voltamos para o albergue, onde cozinhamos, "internetamos" e dormimos. No dia seguinte, acordamos, tomamos café, descansmos mais um pouco esperando o calor baixar e voltamos mais uma vez para a Potash Road e Wall Street. Nossa idéia era escalar um pouco mais de vias em móvel, já que no dia anterior tínhamos escalado somente uma com esse estilo. De posse do guia de escaladas do local escolhemos as clássicas (também indicadas por alguns escaladores locais que encontramos por lá) e fizemos as: "30 seconds over Potash" (5.8+, um lindo diedro, quase todo em móvel, com a parte mais difícil localizada no começo), a famosa "Flakes of Wrath" (5.9+, uma linda fenda, com lances em diedro e em oposição e um teto no final, com peças de tamanho variado e toda em móvel), a também famosa "Bad Moki Roof" (outro 5.9+, desta vez começando em diedro pela esquerda e passando por um gigantesco teto, para então chegar na parada) e por fim a "High Desert Drifter" (um 5.8, com o crux na saída do chão, seguindo por uma bonita fenda para a direita e subindo no final. Assim como as demais, toda em móvel).
Já no dia seguinte (nosso último na Potash Road) escalamos a "Nervous in Suburbia" (um 5.10a, grampeado, com a primeira chapa a uns 7 metros do chão), a "Potstash" (5.9, grampeado, bem bonito) e a "Potash Bong Hit" (um 5.9+/5.10a, todo em móvel com um começo bonito em oposição e depois com o alargamento da fenda passa-se aos entalamentos).
Nossa idéia era usar a Wall Street como um treino para as torres e nesse sentido foi bastante proveitoso, sendo que eu recomendo àqueles que querem escalar por lá começarem em Potash Road, pois além das facilidades você irá encontrar um arenito de excelente qualidade. Durante esse período nós escalamos 10 vias.
No dia seguinte descansamos um pouco e aí partimos para as escaladas das torres, começando pelas Fisher Towers e sua superclássica Ancient Art Tower, pela via Stolen Chimney (5.10a). Mas essa escalada alucinante fica para meu próximo artigo!
As fotos seguem abaixo.
Gostaria de deixar um agradecimento especial ao meu irmão Leo Santiago, de BH, por todas as informações e dicas passadas para esta trip!
Grande abraço a todos!
Chegando em Moab, com um avião brazuca.
Wellington no final da Top40.
Visão da Potash Road e dos cânions típicos da região.
Wellington, retornando pro carro.
Eu, guiando a superclássica "Flakes of Wrath".
O Wellington subindo a "Flakes of Wrath".
Wellington escalando a "30 seconds over Potash".
Eu, me preparando na base da "Bad Moki Roof".
No crux da "Bad Moki Roof".
Eu, guiando a "Nervous in Suburbia".
Eu, com pinturas indígenas antigas a fundo. Wall Street.
Última via em Wall Street, a Potash Bong Hit.