quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Escaladas no deserto! Parte 2 - Ancient Art, Fisher Towers!

Cume da Ancient Art! Foto por Wellington Pereira.

Amigos!

Dando continuidade ao relato vamos para a escalada da via Stolen Chimney, na Ancient Art, complexo das Fisher Towers.

Logo depois de três dias de escalada em Wall Street nós decidimos descansar um dia e então começar nossa escalada. Conversamos bastante com amigos e com os locais, que quase que de maneira unanime nos sugeriram como via a Stolen Chimney, na alucinante Ancient Art.


Trata-se de uma formação de arenito um pouco diferente do sólido arenito de Wall Street, sendo que na verdade mais parecia um barro seco, com algumas pedras encrustadas.

Para chegar na Ancient Art o caminho não é difícil, pega-se a estrada 191, sentido N até o entrocamento por onde começa (ou termina) a 128. Já na 128 segue-se inicialmente margeando o rio Colorado e depois a estrada que leva a "campground" da Fisher Towers. Do centro de Moab até o "campground" são aproximadamente 25 milhas e se leva em torno de 40-50 para fazer o percurso. Depois que entra na 128 pode marcar: 21 milhas até a saída para a estrada que leva ao campground. A saída da estrada que leva ao campground está à direita de quem desce a 128 começando de Moab.

Estacione o carro lá e comece a trilha. A trilha é curta e na média demoramos entre 40-70 minutos para percorrê-la. Digo isso porque em nosso dia de descanso fomos até lá e fizemos a trilha (reconhecimento) e no dia seguinte avançamos mais seguros até a base da via. A trilha é marcada com algumas placas e diversos totens (cairns), porém não é fácil. Existem momentos em que você andará no sentido contrário ao das Fisher Towers.

Sobre a escalada em si ela foi muito legal e proveitosa. Não pegamos nenhum tráfego, o que é incomum, uma vez que essa via é uma das mais frequentadas de toda a região devido a peculiaridade da sua última enfiada. Outro aspecto dessa via é a quantidade de acidentes registrados. Por sua beleza e por ser muito frequentada ela eventualmente recebe escaladores não tão experientes e os acidentes são comuns, inclusive com evento-morte. Por isso não poderíamos desacreditar da escalada.

Ela é dividida em quatro enfiadas (geralmente feitas em cinco, porém poderão encontrar croquis constando 4), sendo que de parede são aproximadamente 100-120 metros, estando os dois crux de 5.10 (o primeiro de 5.10b e o segundo de 5.10a) na segunda e na terceira enfiadas.

A primeira enfiada é um "fácil" 5.7, sem chapas, que termina debaixo do primeiro crux. A parada é somente um grampo. Isso é devido que a parada de verdade está acima do crux, porém a dica que recebemos é de que fizéssemos a parada abaixo do crux, pois como existe um platô, em caso de queda o guia bateria no platô em face da elongação da corda. O Wellington guiou esta primeira enfiada, sendo que eu segui pelo crux, roubando. Logo após entrei direto na chaminé. Ela é longa, com aproximadamente 30-40 metros sem qualquer proteção fixa, porém com boas colocações para proteções móveis. Sua dificuldade gira em torno do 5.8, terminando em um platô confortável à direita.

Segui pela terceira enfiada, escalando em direção a cresta final, onde é necessário que se vença um 5.10a, grampeado, sendo que este consegui tirar em livre, sem quedas. Logo acima do lance poderá encontrar no chão a parada. Na sequência escalei a última enfiada. Um bonito pilar, bem estreito e aéreo, que com o vento lhe traz a oportunidade de uma escalada realmente fora dos padrões normais. Antes mesmo de se chegar no pilar final anda-se pela fina cresta, sendo que logo depois (já no pilar) escala-se para cima e para a direita, protegendo-se somente em grampos existentes. Essa escalada tem um pequeno trecho de 5.9 e o cume cabe somente uma pessoa. De fato: muito bonito!

Ficamos por lá curtindo um pouco o visual para então iniciar os rapéis. O primeira rapel feito da parada existente próximo ao cume do pilar final termina na parada de grampos existente no chão logo depois de cruzada a cresta. O segundo rapel leva ao grande platô existente ao final de chaminé, o terceiro rapel desce pela chaminé (por dentro), parando na parada fixa existente logo acima do primeiro crux de 5.10b e o quarto e último rapel desce direto até a base da via.

Dali é só pegar a trilha e ir para o carro. A escalada em si não é muito desgastante, porém requer atenção o tempo todo. Não me recordo agora o tempo que levamos, mas foram realmente poucas horas. Talvez umas 3 horas entre subir e descer.

De lá voltamos para moab, onde nos alimentamos e fomos dar aquela internetada básica.

Para escalar a via são necessárias algumas costuras longas e algumas expressas. Creio que 5 de cada seja suficiente. Além disso são necessários os seguintes equipamentos móveis: um jogo de camalots C4 (ou linha equivalente) do .3 ao 4 e um jogo de stoppers. Isso deve ser o suficiente.

Já no outro dia seguimos para a escalada da Castleton Tower, porém essa escalada fica para um próximo post!

Vejam as fotos abaixo!

Abraços!

Fisher Towers vistas à distância.


 Fisher Towers ao pôr-do-sol.



 Deserto!



 Deserto ao por-do-sol.



Ancient Art. A seta indica o cume. A via segue pela direita, na linha entre a montanha é o céu.



 Wellington Pereira escalando a chaminé. Segunda enfiada.



Cume da Ancient Art.



 Cume da Ancient Art. Foto por Wellington Pereira.



Welluington Pereira escalando a última enfiada.



Wellington Pereira escalando o último trecho da via. 



Wellington Pereira rapelando desde o cume.



Wellington Pereira fazendo o segundo rapel, com a Castleton Tower e o Rectory ao fundo. 



Wellington Pereira rapelando a chaminé.


2 comentários:

Unknown disse...

Lugar fantástico! Parabéns !

Victor A Carvalho disse...

Valeu, Kleber!! Grande abraço!!