Travessia da Serra Fina.
Fala pessoal,
Depois de algum tempo sem fazer caminhadas, acabei recebendo o convite da minha amiga Bia Boucinhas, para que tentássemos realizar as travessias de Marins-Itaguaré no dia 27 de novembro seguindo para a travessia da Serra Fina no dia seguinte (dia 28 de novembro).
Topei instantaneamente, mas por conta do meu trabalho, e pela desistência de outro amigo que faria as trilhas conosco, resolvemos eliminar a travessia Marins-Itaguaré (que eu já havia feito anteriormente) e ficar somente com a novidade da travessia da Serra Fina no domingo.
Saí do serviço sábado de manhã e conforme combinado, passei na casa da Bia por volta das 16h para pegá-la e seguirmos para o abrigo de montanha do Miltão, nas proximidades do Pico dos Marins. Dormiríamos ali e conforme combinado com o Miltão, ele nos levaria até a Toca do Lobo e nos pegaria depois no sítio Pierre. Nossa meta era realizar a travessia em 15 horas.
Levantamos às duas horas da manhã do domingo, comemos algo, nos hidratamos, preparamos tudo e saímos do Miltão sentido Toca do Bolo. Como nem eu, nem a Bia, tampouco o Miltão sabíamos onde era a Toca do Lobo tivemos que usar o waypoint do GPS para achar, além de ir perguntando pro pessoal, até achar a estrada de terra, que possui diversas pequenas placas indicando o acesso para o início da travessia.
Iniciamos a travessia às 04 horas e 53 minutos, ainda de noite, sendo que quando eram 07h00 pontualmente estávamos chegando no cume do "Alto Capim Amarelo". Descansamos um pouco (adotamos a estratégia de descansar 5 minutos a cada 1 hora de caminhada) e continuamos seguindo, passando pelo acesso ao Pico do Tartarugão, onde pegamos agua, e seguimos direto ao topo da Pedra da Mina, atingido após 06 horas e 32 minutos de caminhada. Assinamos o livro de cume e continuamos a travessia.
No cume do "Alto Capim Amarelo".
Pegando agua na saída pro Pico do Tartarugão.
Bia assinando o livro de cume, na Pedra da Mina.
Neste ponto tivemos nosso primeiro contra-tempo. Continuamos seguindo pelo "track" do gps sem perceber que ela levava para o "Paiolinho" sendo que após descermos pela face errada a Pedra da Mina e percebemos o erro, tivemos que parar e decidir se subiríamos de novo a Pedra da Mina ou tentaríamos varar o mato sentido à trilha que queríamos.
Como já havíamos descido toda a Pedra da Mina, entendemos que seria muito cansativo e delongado subí-la de novo para depois descê-la e assim deicidimos seguir mato adentro até que conseguíssemos interceptar um dos waypoints que fosse de nosso interesse, no caso o acampamento 16. Continuamos seguindo então, atravessando o capinzal até chegar a um bonito rio que segue à esquerda da trilha (que vontade de mergulhar, pois tava muito quente).
Em certo ponto, se descola do rio e segue subindo uma pequena montanha e na sequência pequenos morros, sempre numa cresta, que têm seu auge no Cupim do Boi. Dali pode-se seguir rumo a Cabeça de Touro (não fizemos) ou continuar a travessia rumo ao Pico Três Estados. Vale a pena dizer que a segunda parte da travessia, depois que se desce da Pedra da Mina até o final, a trilha é bastante ruim, com trechos de mata fechada, com bambus chatos e capins que a todo momento cobrem a trilha, dificultando a orientação.
Continuamos a travessia rumo ao Pico Três Estados e logo estávamos em seu cume. Já cansados e quase sem água, já que depois que sai de perto do rio não existe praticamente mais ponto pra agua, descemos e depois subimos alguns cumes rumo ao Alto dos Ivos (atingido com 14 horas e 20 minutos de travessia) para então depois seguir pela cresta de descida rumo ao último acampamento e aos trechos de cerca que estavam marcados no GPS.
Depois de atingirmos os ultimos trechos de cerca a trilha melhora bastante sendo que logo então estávamos atingindo o último waypoint da travessia e o mais esperado: "Fim da trilha".
Cume da Pedra da Mina.
Cupim de Boi (à esquerda) e Cabeça de Touro (dir).
Contra-forte da Pedra da Mina.
Ela termina em uma estrada abandonada e em fase de recuperação por parde da natureza, sendo que atingimos a estrada após 15 horas e 49 minutos de travessia, quando então fechamos o cronômetro, às 20h42.
Ali tivemos nosso maior contra-tempo. Como tínhamos a informação que dali até a fazenda ecológica era uma estrada começamos a descer pela esquerda, mas depois de algum tempo de descida começamos a ver que a estrada havia sido engolida parcialmente pelo mato e começamos a duvidar se aquele era o caminho certo. No GPS, não havia o track, somente alguns waypoints e a mata fechada em cima da gente, dificultava o uso. Por fim, a noite e o cansaço atrapalhava nossa mente.
Acabamos achando que tínhamos seguido a estrada para o lado errado e decidimos voltar tudo e seguir no sentido oposto o que fez com que acabássemos nos perdendo no mais óbvio!!! Depois de terminada a trilha!! Ficamos muito tempo pensando e pensando e nada. Por sorte, conseguimos achar um pequeno arroio, onde pudemos pegar agua e nos hidratar. Comemos algo, tomamos agua e com muita dificuldade encontramos a trilha de volta da travessia, na qual voltamos até um ponto que conseguímos reconhecer.
Dali voltamos a baixar e após muitas lucubrações acabamos decidindo pegar de novo a estrada e descer, arriscando que fosse o lugar certo. Por sorte era. Para se ter uma idéia de quanto tempo perdemos aqui, ficamos das 20h42 até às 00h35 tentando achar a descida até que resolvemos arriscar uma nova descida pela estrada.
Chegamos rapidamente no carro, sendo que quando era 02h00 da manhã já estávamos no carro descendo rumo a Passa Quatro. Após o contra-tempo o Miltão nos levou até o Graal de Três Garças, onde ele ficou e nós seguimos de volta pra sampa, após comermos algo.
Eu a Bia com o Alto dos Ivos logo atrás, antes de subirmos.
Alto dos Ivos visto da cresta de descida.
Deixei a Bia na casa dela e toquei pra casa onde tomei um banho, peguei minhas coisas e fui direto pro trabalho, chegando em cima da hora. Acho que não precisa nem dizer como foi o dia. hehehe.
É isso aí. Foi uma bela travessia, feita em um tempo que achamos muito bom. Considerando que perdemos tempo varando mato e tentando localizar algumas vezes a trilha (algo normal, já que nem eu e a Bia havíamos feito a travessia anteriormente), creio que teríamos condições de fazer a travessia em 2-3 horas mais rapido da próxima vez. O problema é que eu não pretendo voltar lá tão cedo! ehehehe. Abaixo segue o vídeo da travessia.
Um forte abraço!!