No cume do Pedrão de Pedralva/MG.
Fala pessoal,
Neste feriado, eu, juntamente com o Rick Nonaka, escalamos a via "Tião Simão", no Pedrão de Pedralva. Pedra no sul de Minas que vêm se tornando uma referência na escalada tradicional, muito devido ao tamanho de suas paredes, que ultrapassam a casa dos 300 metros de altura.
Ali já existem ao menos dez rotas estabelecidas, algumas delas ultrapassando a casa dos 300 metros de extensão, como é o caso da "Tião Simão", da clássica "Evolução" (5º VI E2 310m) e a "Racha Cuca" (4º VIsup E2 300m).
Saímos de São Paulo na sexta de manhã, com intenção de escalar alguma coisa curta na Pedra da Piedade, e após a viagem, um lanche rápido na cidade, acabamos chegando na Piedade por volta das 13h30, onde encontramos o pessoal do CAP com quem tínhamos marcado. Estavam lá o Lukas "Filhote", a Simone, o James, a Emilene, o Kazu, a Renata e o Roberto. Eles estavam entrando na Via Fernanda (6a) e na Chaminé Marijuana, enquanto eu e o Rick iríamos entrar na via "Campo Minado" (6º VIIa). Enquanto o pessoal mandava a Fernanda após a equipagem do Lukas, nós íamos tentando passar pelo crux da "Campo Minado", sem sucesso. Após duas entradas do Rick e uma entrada minha a chuva chegou e tivemos que ir embora.
Rick no crux da "Campo Minado" (6º VIIa). Pedra da Piedade, Itajubá/MG.
Se não bastasse a chuva ainda tivemos problemas sérios para conseguir ir embora, pois com a lama, o caminho ficou impossível de ser vencido para descer. Conclusão: um trator e muita força nos braços para conseguir tirar os carros de lá.
Da esquerda para a direta: Lukas, eu, James, Emilene e em offwidth, a Simone.
Após um bom banho e estender as roupas para secar fomos jantar no Costelão próximo à rodoviária onde pudermos decidir o que fazer no dia seguinte!
Indo dormir, acabamos por combinar que eu e o Rick tentaríamos a rota "Tião Simão", o Roberto e o Lukas tentariam a rota "Evolução" e o resto da galera acabou decidindo ir escalar na pedra do Tucano.
No dia seguinte levantando bem cedo, tomamos café e fomos direto para a Serra do Pedrão, deixando nosso carro parado na casa do seu Simão e partimos em direção a base da via. O Lukas e o Roberto logo pegaram o caminho pra evolução.
A trilha para a Tião Simão é tranquila e segue o mesmo caminho da Evolução inicialmente, seguindo à direita na bifurcação que aparece, e a evolução seguindo à esquerda. Dali basta ir caminhando direto pra base da via usando como referência a própria linha da via na parede.
Rota "Tião Simão"
5º VIsup A1+ E3 330m
5.10c A1+ 1000ft / 6b A1+ 330m
Chegada na base da parede procure por uma fenda larga que termina após uns 8-10 metros de parede, logo após ela, é possível ver uma primeira chapa.
1ª ENFIADA
A primeira enfiada possui 45 metros de extensão, e possui graduação de 4º V em exposição de E3. A fenda incial deve ser protegida com peças grandes, como o camalot #4 e #5 e já no final é possível proteger com peças médias. Ele segue um pouco para a esquerda. Preste atenção nas chapas pois elas estão espaçadas e assim é bom tomar cuidado para não pular ou errar a linha da via. Guiada pelo Rick.
Rick na fenda inicial.
2ª ENFIADA
A segunda enfiada é um arremate ao platô logo acima, sendo não mais que um 3ºsup, sendo que a enfiada não possui uma única proteção, sendo de parada à parada. Esta enfiada possui 20 metros de extensão. Guiada por mim.
3ª ENFIADA
A terceira enfiada, com 45 metros é a mais exigente tecnicamente, sendo necessário conhecimento de escalada em artificial, ainda que fácil (A1+), pois aqui existe sequência de escalada em buracos de cliff. Dois talons, dois estribos, duas Daisy e um Fifi Hook resolvem tranquilamente a parada, além da escalada em livre que também pode ser feita em artificial. Eu guiei esta enfiada, tendo feito em artificial uns 25 metros e em livre, graduado na maior parte em 6º grau, por volta de 20 metros. Posteriormente o Rick subiu em livre até onde deu e depois veio jumareando o resto.
Eu, abrindo a enfiada, em livre.
Já em artificial no talon.
4ª ENFIADA
A quarta enfiada, também com 45 metros de extensão começa forte com lances constantes de 6ºsup e após a 3ª chapa fica mais tranquila e também mais exposta. Foi guiada pelo Rick.
Eu e o Rick na 3ª parada.
Rick no crux em livre da 4ª enfiada (6ºsup).
Rick ainda na 4ª enfiada.
5ª ENFIADA
A partir da 5ª enfiada (4º) a via fica bem tranquila com lances não superiores a 5ª grau mas com alto grau de exposição, tendo esta enfiada de 45 metros somente dois grampos para proteção e mais um local razoável para a colocação de peça móvel. Foi guiada pelo Rick.
6ª ENFIADA
A 6ª enfiada segue o mesmo perfil da enfiada anterior, tendo um lance de 5º grau com graduação constante de 4º grau. A parada possui somente um "P", sendo que existe um pequena fenda à esquerda que pode ser usada para a colocação de peça móvel. Usei o camalot .4 para equalizar. Possui 45 metros. Guiada por mim.
Eu, esticando na 6ª enfiada.
6ª parada da escalada.
7ª ENFIADA
A enfiada, com 45 metros segue o mesmo padrão das 5ª e 6ª sendo necessário o uso de peças móveis para reforçar a segurança, já que a enfiada inteira possui somente um grampo. A graduação fica em torno do 4º grau. Guiada pelo Rick.
8ª ENFIADA.
A última enfiada possui por volta de 40 metros até os blocos acima da última parada da "Racha Cuca" e "Suanuarco", e possui também somente um grampo batido. Existe espaço para colocação móvel logo após a parada, na fenda que segue acima da mesma. Eu guiei esta enfiada.
Eu, já terminando a via.
Daqui a trilha está ligeiramente à esquerda do último bloco, dando no cume.
Via concluída!
Decidimos descer pela trilha e para nossa sorte conseguimos carona até o bairro do Pedrão onde o Lukas e o Roberto foram nos pegar uma vez que já haviam retornado de sua escalada. De lá, tomamos um coca no boteco que tinha no bairro e voltamos pra Itajubá pra tomar um caldinho no Bar da Maria e ir dormir.
No dia seguinte fomos para a Pedrinha do CET ver alguma coisa de esportiva, mas eu cansado preferi somente fazer em "Top Rope" a Via do Bote (6º), enquanto o Rick ainda guiou a via "Café com Leite" (6ºsup) e depois mandou em "Top" a Via do Bote.
Dali caímos na estrada para ver se conseguíamos evitar o trânsito sendo que conseguimos e quando era o começa da noite estava chegando em casa.
Ficamos muito felizes por mandar a Tião Simão, sendo que o Lukas, enquanto mandávamos a via, encontrou o José Nunes, um dos conquistadores, que o informou ser a nossa repetição a segunda da via, desde a conquista a um ano e meio, somente sendo precedido por uma cordada carioca.
A via por ser muito pouco frequentada, estava muito suja e com muita agarras quebradiças. Creio que se somarmos as agarras de quebraram comigo e com o Rick, ultrapassam a casa das duas dezenas.
Realmente uma escalada de aventura! Vale muito a pena! Confiram!
Abraços!