Cris, eu e o Paulo no cume do Dedo de Deus.
Fala pessoal,
Neste último final de semana, eu, meu amigo Paulo Chagas, bombeiro, e nosso amigo Cristian Bons, bombeiro do estado de Alagoas e que está em sampa fazendo um curso conosco, escalamos o Dedo de Deus, situado na região serrana do estado do Rio de Janeiro, próximo à cidade de Teresópolis.
Saímos de sampa na sexta-feira, por volta das 12h30, e quando eram por volta das 18h00 estávamos chegando em Teresópolis, onde havíamos reservado hotel (www.aventureiropousadatere.com.br), que por sinal, muito bom.
Fomos para a cidade terminar de arranjar os preparativos, saímos para jantar e logo estávamos dormindo. No dia seguinte levantamos por volta das 05h30 e quando eram por volta das 07h00 estávamos iniciando a trilha que nos leva aos cabos-de-aço iniciais.
Dedo de Deus ao fundo.
O Dedo de Deus é uma montanha de impressionante formação geológica, uma agulha que se sobressai em quase 900 metros em relação à BR-116 que passa aos seus pés, e que termina num cume pouca coisa maior que uma quadra de tênis.
Fazendo a ingríme trilha com tranquilidade, chegamos aos cabos-de-aço por volta das 07h50 e após nos equiparmos, tirarmos fotos, iniciamos a subida, que para nossa surpresa foi iniciada com grande dificuldade pelo sebo que estava os cabos e pela rocha que estava muito escorregadia. Isso nos fez colocar as sapatilhas ainda durante os cabos e perdemos muito tempo neste trajeto. Encontramos na descida um trio de escaladores que haviam feito o cume do Dedo ainda durante a madrugada e que ainda iriam atacar o cume do Escalavrado, Dedo de Nossa Senhora e Cabeça de Peixe.
Eu e o Paulo no início dos cabos. Pedra molhada e cabos ensebados.
Paulo guiando o trecho de escalada ainda na trilha.
Continuamos nossa subida e após vencer os cabos-de-aço chegamos a um trecho onde há uma escalada de 8 metros, com um lance em torno de 4sup/5º, que foi guiada pelo Paulo. Seguimos em diante chegando na base da primeira chaminé da via, que possui à sua esquerda uma pequena placa de homenagem ao guia Vilela, ao qual coube a mim a guiada.
Esta primeira chaminé foi feita em livre e artificial, e atribuo uma graduação de 5º A0. Não sei onde encontraram graduação máxima de 3º para a via, já que esta chaminé termina num lance negativo, próximo a um cabo-de-aço e começa numa escalada estranha até se entrar propriamente dito na chaminé.
Eu, escalando a primeira chaminé.
Terminado de guiar o lance, içei as mochilas e fixei a corda para o Cristian, que nunca havia escalado na vida, mas dominava com tranquilidade técnicas verticais, sendo instrutor desta matéria em seu estado, para que jumareasse. Assim o fez e depois deu segurança ao Paulo Chagas para que subisse em livre limpando a via.
Seguimos pelo platô até a base da segunda chaminé, que começa por fora, com dois grampos e depois segue por dentro, ao fundo, tendo mais três grampos na horizontal e posteriormente por um túnel alto em direção à saída da chaminé atingido a parada.
Paulo terminando a segunda e apertada chaminé.
Saí guiando e na sequência, com muito sofrimento e muita tiração de sarro, o Cristian conseguiu escalar (achando que ia morrer entalado, hahaha) e logo após o Paulo Chagas também terminou de escalar a chaminé. Iniciei o que seria a provavél enfiada em artificial, partindo da parada em uma virada para a direita, bem aérea, com 4 grampos P. A guiada foi tranquila e logo depois da virada é possível ver outra parada, onde fixei as cordas para o Cris e para o Paulo, que subiu limpando.
Eu, guiando o trecho de artificial. Vista bem aérea.
Dali chega-se em outro platô onde fomos até o fundo, onde existe uma grande laca, que se deve entrar até o fundo e escalar por lá, observando após uns 5 metros de escalada, os primeiros grampos existentes. São 4 grampos até uma outra parada que está na virada para a continuação da chaminé rumo a escada que dá acesso ao cume e que está protegida por mais duas antigas proteções. Do primeiro grampo até a parada nem se pode dizer que é escalada de chaminé, podendo escalar em face, depois da parada até o antecume se escala como em chaminé.
Toquei direto até o antecume onde fixei a corda para o Cris, que estava bastante cansado devido ao esforço na chaminé "arranca botão" (segunda chaminé) e depois dei segurança clássica para o Paulo que subiu bem rápido.
Eu, entrando na última guiada.
Deixamos tudo lá, subimos a escada e assinamos o livro de cume, tiramos algumas foto e logo estávamos descendo, já que estávamos bastante atrasados com relação ao nosso cronograma original. Atingimos o cume às 17h28.
Iniciamos os rapéis pelo própria via Teixeira, e após dois rapéis chegamos onde onde tínhamos deixados as mochilas com nossa comida e água. Nos alimentamos, hidratamos e continuamos a descer, até atingir os cabos-de-aço. Dali fomos rápido até quase o chão, parando somente a 30 metros da trilha quando a corda enroscou durante a recuperação o que me obrigou a subir novamente pelos cabos-de-aço e fazer um rapel-tensão com outra corda para alcançar a corda enroscada e conseguir liberá-la. Eram 21h30 quando isso ocorreu.
Livro de cume.
Terminado os rapéis, guardamos os equipos nas mochilas e iniciamos a descida da trilha e quando eram 23h30 saímos na BR-116 e após 20 minutos estávamos chegando no carro para nosso deleite.
Ainda fomos para Teresópolis jantar uma picanha deliciosa e comemorar o sucesso da nossa escalada apesar de cansados. No domingo foi somente retorno e AC/DC.
Eu e o Paulo na placa que marca o cume.
Está aí mais uma escalada muito prazeirosa com grandes amigos em uma grande montanha.
Recomendo levar uns friends para reforçar a segurança na primeira chaminé e no começo da útima, antes de se atingir os grampos. No mais, umas 6 costuras, material individual e luvas de raspa para os cabos-de-aço.
Abaixo eu coloco o croqui, extraído da croquiteca do CEC (www.carioca.org.br). Existem algumas distorções com relação ao croqui. Sugiro ler o relato ou me mandem um email: victorcarv@terra.com.br.
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Abraços!