sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Escaladas no deserto! Parte 3 - Castleton Tower!

Eu, no cume da Castleton Tower.

Seguindo com o relato da viagem no deserto!

Depois de escalarmos a via Stolen Chimney, na Ancient Art (Fisher Towers) direcionamos nossa atenção a que é talvez, a mais bonita torre de arenito do deserto de Utah: a Castleton Tower.

Uma torre que se ergue solitária, com mais de 120 metros de altura em relação à sua base e que se considerarmos a altura da área desmoronada isso duplica ou mesmo triplica. Além disso ela tem um cume pequena se comparada a outras torres de envergadura semelhante, o que lhe concede o charmoso ar de "torre", de fato e de direito.


Por indicação dos escaladores locais nós analisamos duas vias: a North Chimney (5.9) e a Kor-Ingalls (5.9+). Ambas tinham classificação de "clássica" e acabamos decidindo ir pela Kor-Ingalls, em face de ser um pouco mais difícil.

Levantamos bem cedo, tomamos café e partimos. A via em si não é longa: são 4 enfiadas bem distribuídas que percorrem a parede ao longo de aproximadamente 120 metros. A via não possui muitos grampos (assim como as demais das região)... não me recordo totalmente mas creio que tirando as paradas (todas fixas) o resto da via conta com 4 grampos. A graduação das enfiadas gira em torno de 5sup, 5sup, 6º, 5º, traduzindo para o nosso português. A primeira enfiada deveria ser mais fácil porém errei o começo e acabei sofrendo as consequências.

Bom... retornando ao começo do dia...

Saímos do albergue e partimos em direção a Castleton Tower. Seguindo pela 191, sentido norte, logo em seguida entramos na 128. A partir daqui seguimos pela 128 por 15,5 milhas até vermos a saída para o Castle Valley. Daqui basta seguir a estrada e ir olhando a estrada para o lado esquerdo. Poderá ver a Castleton Tower e também o estacionamento por onde começa a trilha. É bem óbvio. Vou ficar devendo a altura da quilometragem da estrada, pois não me lembro.

Chegando no estacionamento você poderá ver um mapa com a indicação da trilha para a base da parede. Trata-se de uma bonita trilha que toma entre 60-90 minutos para ser percorrida e que transita pela esquerda da montanha subindo ao final quando você já quase está entre ela e o Rectory (montanha que está atrás). Chegando na base da parede (após uns trepa-pedras) você irá contornar a Castleton Tower pela esquerda, até chegar na parte detrás, sempre observando a parede até reconhecer o começo da via. Sugiro usar as dicas e fotos do site: http://www.mountainproject.com/v/kor-ingalls-route/105717289 para auxílio. Tem um trecho onde é necessário abaixar um pouco para passar por debaixo de um teto para entãio chegar na base da via.

Algo que nos prejudicou no dia foi a chuva. Foi só começarmos a trilha que começou uma garoa fina, que praticamente nos acompanhou todo o percurso. Ao chegarmos na torre ela se tornou ainda mais forte, algo que fez com que cogitássemos cancelar a escalada. No fim decidimos esperar e quando a chuva voltou a ser garoa decidimos escalada a primeira enfiada e ao término dela, com a garoa dando tregua decidimos por continuar a escalada até o final.

Bom... Uma vez lá na base já começa a escalada propriamente dita. Como já dito ela têm uma graduação que não é difícil, porém é constante. Sobre equipamentos para proteção leve um jogo de nuts e um de friends até o C4 #5 (uma peça). Se você escala em uma graduação próxima desse limite de 6º grau em móvel leve alguns camalots repetidos de tamanho médio (#1, #2 e #3). Leve também costuras expressas (umas 4) e de resto leve costuras longas. Se prepare para o calcito e sua fricção quase zero em alguns trechos. No mais, curta muito!! A escalada é show de bola!

No cume você terá um livro de cume e não deixe de registrar sua passagem. Sobre o rapel o melhor é usar a North Face, porém é possível rapelar pela Kor-Ingalls. Em ambas são necessárias duas cordas de 60m. No nosso caso decidimos por rapelar pela Kor-Ingalls acreditando que nossa experiência nos tiraria de um possível enrosco. Ledo engano: a corda enroscou no segundo rapel e tive que escalar parte da terceira enfiada de novo. No restante, tudo transcorreu tranquilo.

Chegamos então na base, refizemos o caminho de volta e quando eram umas 16h já estávamos no carro, nos preparando para voltar pra Moab.

Essa foi uma escalada emblemática. Talvez uma das mais bonitas já que a qualidade de rocha é muito boa se comparada com a da Ancient Art. Particularmente gostei mais da escalada da Castleton Tower do que a da Ancient Art. Da Ancient Art gostei mais do final (da cresta e do pilar final).

Daqui fomos para as escaladas em Indian Creek, algo que será alvo de um próximo relato!

Caso tenha alguma dúvida sobre esta escalada ou deseje mais informações, me contacte!

Grande abraço a todos!

Castleton Tower Primitive Climber's Camp.



Castleton Tower Primitive Climber's Camp.



Indicações de trilha no Castleton Tower Primitive Climber's Camp.



Visão da Castleton Tower do acampamento.



Eu, com a Castleton Tower (dir) a o Rectory (esq), ao fundo. 



Na base da Castleton Tower. 



Guiando a segunda enfiada. 



Eu e o Wellington Pereira, na segunda parada antes. 



Terceira enfiada, eu lá em cima no crux. 



Eu, no cume olhando para o Rectory. 



Livro de cume!! 



Já descendo.

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