Cume da Aguja de la "S".
Fala pessoal,
Finalmente uma boa notícia! Dia 19 de março, às 14h50, eu, o Tacio e o Jason Schilling atingimos o cume da Aguja de la "S", pela Rota Austríaca (5+, 55º, 450m) após 7h20min de escalada.
No dia 18 de março, após visualizarmos uma curta, porém possível janela de tempo bom, iniciamos nossa aproximaçao até o bivaque na encosta da Laguna Sucia, onde após 6h30 de caminhada chegamos e pudemos descansar, chegando na caverna por volta das 17h30.
Eu e o Taciao na aproximacao.
Eu, chegando no bivaque. Glaciar Río Blanco ao fundo.
Como eu e o Jason já havíamos subido o glaciar Río Blanco anteriormente e assim já conhecíamos o Pedreiro, decidimos por ficar pela bivaque, cozinhar e nos prepararmos para a escalada. Estávamos um pouco desconfiados que a Aguja de la "S" pudesse estar congelada, fato que havia se concretizado alguns dias antes quando nós fizemos nossa primeira tentativa de escalar a agulha.
Mérito para o Jason que durante a trilha insistiu para que continuássemos, sendo que eu e o Tacio estávamos um pouco desesperançosos, uma vez que nevava e chovia razoavelmente durante nossa aproximaçao, parando somente quando iniciamos a trilha que segue pelo Río Blanco.
No outro dia, acordamos bem cedo, por volta das 04h00, tomamos um café, terminamos de arrumar o que faltava e quando eram 05h20-05h30 estávamos deixando o bivaque, ainda de noite, para subir o pedreiro.
Atingimos o Glaciar e quando eram por volta das 07h20 estávamos na base da grande rampa de neve que sobe à direita da Aguja de la "S", ainda com o sol ensaiando nascer.
Escalando o primeiro trecho da via. Uma rampa de 55° com 150 metros. Tenso.
Eu, guiando a segunda enfiada de rocha. A mais difícil da via.
Eu, subindo a 3a enfiada de rocha. Quase no col.
Chegamos no início da parte rochosa e quando eram 09h00 o Jason iniciou a guiada da primeira enfiada, graduada em 4+, sendo que logo após eu e o Tacio iniciávamos a subida. Logo após eu assumi a guiada, graduada no croqui em 5+, sendo que logo após um tempo terminei a guiada, subindo o Jason e o Tacio. Esta segunda enfiada, me pareceu ser mais forte que 5+.
O Tacio, que ainda estava se ambietando com o clima alpino abriu mao de guiar a terceira enfiada para o Jason, sendo que após algum tempo, ele atingia o col, subindo eu o Tacio de segundo. A terceira enfiada é um 4+.
Ainda na 3a enfiada.
Macico do Torre visto do col entre as 3a e 4a enfiadas.
Eu, na centro-esquerda, guiando a quarta e quinta enfiadas, na aresta final.
Dali até o cume faltavam somente mais duas enfiadas e o tempo ainda era muito bom. O Jason mandou as duas últimas enfiadas e quando eram 14h50 atingíamos o cume. Após algumas fotos, vídeos, refeiçao e outras coisas mais, iniciamos a descida.
Tacio e Jason subindo a quarta e quinta enfiadas.
Eu, subindo a penúltima enfiada. Cume.
O primeiro rapel foi o único que enroscou, sendo que quando desci escalei um trecho bem fácil e desenrosquei a corda e logo o Tacio estava conosco. Dali foram mais dois rapéis até o col e depois mais sete rapéis até o glaciar, os quatro últimos da rampa de gelo, feitos pela direita da mesma.
Chegamos de volta ao glaciar quando eram 19h40 e quando eram 21h00 estávamos atingindo o pedreiro enquanto as últimas gotas de luz caíam do céu. Chegamos no bivaque quando eram quase 22h00 e após um bom macarrao e tang quente, dormimos.
Tacio, no cume! Cerro Torre ao fundo.
Cerro Torre ao fundo, durante o rapel.
Sobre a escalada, é interessante que se esteja guiando ao menos 6º grau móvel com conforto, pois as enfiadas de 5+ podem parecer de 6º devido a falta de costume com a escalada em fissuras e fendas. Elegemos a enfiada mais difícil a segunda.
Para mandar tranquilo a rota inteira é interessante que os participantes e guias tenham um conhecimento de travessia em glaciar, já que é necessário atravessar o glaciar Río Blanco. Estar escalando em gelo/neve pelo menos uns 60º, e estar escalando, como dito, 6º grau de rocha em móvel além de estar com a resistência em dia para suportar a aproximaçao e a escalada de 450 metros.
Parada patagonica.
No outro dia, levantamos sem pressa por volta das 10h30 e iniciamos a descida por volta das 12h40 atingindo Chaltén por volta das 17h20, onde após um banho, algumas Quilmes dormimos felizes pela excelente escalada.
Na lente, as agulhas!
Hoje é dia 22 de março e o Jason já retornou para os Estados Unidos. Eu o Tacio ainda pensamos em fazer algo se o tempo ajudar. Ficaremos aqui até o dia 27/28. Pensamos em voltar para a Guillaumet, onde fiz anteriormente com o Jason as 8 primeiras enfiadas da Fonrouge-Comesaña, chegando até o "col" da rota Amy. Mas isso depende do tempo. Vamos ver!
Posteriormente coloco as fotos, que estao com o Tacio.
Forte abraço!