sábado, 19 de dezembro de 2009

Manifesto público da CBME sobre o Parque Nacional do Itatiaia.



Recentemente, vendo o blog do Eliseu Frechou (http://espnbrasil.terra.com.br/eliseufrechou), pude ver o manifesto público feito pela Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada sobre a atual situação do Parque Nacional do Itatiaia com relação a comunidade montanhista brasileira.

Creio que é dever de todos a divulgação máxima e irrestrita desse manifesto, uma vez que isso reforça que o pensamento da comunidade é uníssono quando o assunto é a péssima gestão administrativa e política do PNI.

Fico triste em ver, principalmente quando comparo por exemplo o PARNASO, administrado esse sim por montanhistas, com o PNI, administrado por burocratas.

Portanto, reproduzo abaixo o manifesto da CBME a respeito do PNI, e aproveito a oportunidade para cobrar providências por parte da administração do parque para que os projetos propostos pela CBME sejam contemplados:



MANIFESTO PÚBLICO


Através desta carta pública a FEMERJ, a FEMESP e a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada - CBME, à qual as duas Federações são filiadas, vêm reforçar e destacar o fato de que, há anos, existe uma demanda formal e informal das Federações e de montanhistas em geral por uma opção de hospedagem na parte alta do Parque, na forma de camping e/ou abrigos de montanha.

Formalmente essa demanda tem sido encaminhada através da Câmara Técnica de Montanhismo e Ecoturismo – CTME e do Conselho Consultivo do Parque, onde FEMESP, FEMERJ e GEAN, filiados à CBME, participam oficialmente. Essa demanda nunca foi priorizada e, repetida e historicamente, recebe uma série de objeções e dificuldades, nunca tendo respaldo para seguir adiante como um projeto de implantação. Observa-se ainda que, no mesmo período, houve aporte significativo de recursos (e implantação) de inúmeras outras ações, tanto na parte alta quanto na parte baixa. Este fato tornou-se mais evidente na comemoração dos 70 anos do PNI, quando houve aporte de um montante razoável de recursos para o Parque, mas muito pouco foi aplicado no sentido de resolver a demanda de onde se hospedar na parte alta. As ações limitaram-se a uma pequena reforma do Abrigo Rebouças, culminando com sua reabertura e festa de re-inauguração, feitas com recursos oriundos de parceiros, tendo o Parque entrado com mão de obra.

Sem prejuízo ao valor histórico do Abrigo Rebouças - que deve ser preservado – e a importância das ações executadas em prol deste, a reforma até o momento não atendeu a demanda original dos montanhistas, uma vez que a sua capacidade é muito pequena - para apenas 20 pessoas, e recentemente reduzida para 16. Como agravante, o sistema de reserva e uso do Abrigo é ineficaz do ponto de vista organizacional e administrativo, sendo alvo de constantes reclamações. Entretanto, ressaltamos que, mesmo que as reservas do Abrigo Rebouças fossem eficazes, ainda assim não atenderiam a demanda existente com seus 16 lugares. Some-se a isso outros problemas associados ao Abrigo, e que não foram priorizados nem resolvidos na pequena reforma - dos quais o mais grave é sua fossa séptica - temos uma situação inaceitável do ponto de vista de uso público.

Na parte alta, as opções de hospedagem para visitantes e montanhistas acabaram se voltando para o Alsene e, um pouco mais longe (por estrada em péssimas condições) à Pousada dos Lobos. Contudo, recentemente a direção do PNI interditou ambos os estabelecimentos. Não discutimos os motivos e o mérito da interdição, entretanto destacamos que esta interdição, somadas ao horário de funcionamento do parque, praticamente inviabilizam várias atividades na parte alta por montanhistas.

Os 13km de estrada entre a Garganta do Registro e o Posto Marcão demandam de 40 minutos a uma hora de deslocamento em veículo comum, por estrada rústica normalmente em péssimas condições. A opção de hospedagem ou camping mais próxima fica há alguns quilômetros da Garganta do Registro, seja na direção Itatiaia, seja na direção Itamonte, e é evidente que a visitação e as atividades de montanha ficam severamente prejudicadas no contexto criado: ausência de um camping rústico na parte alta aliada ao fechamento das únicas opções existentes. Adicionalmente, ressaltamos que o ato de pernoitar em montanha, é uma atividade que faz parte da cultura do montanhismo no mundo todo, e cuja prática é limitada, pelas mesmas razões, no Planalto do Itatiaia.

Por esta razão, através deste manifesto, solicitamos que a questão da hospedagem na parte alta do PNI seja finalmente considerada prioritária, passe a constar da agenda de ações da direção do Parque e se concretize em dois projetos simples e de baixo custo:

1- A criação de um camping rústico na parte alta em local inclusive já indicado no Plano de Uso Público do Parque. Prazo desejado: Maio de 2010;

2- A adoção de um processo administrativo transparente, justo e eficaz para a utilização do Abrigo Rebouças. Prazo desejado: Março de 2010.

As entidades que assinam este manifesto oferecem sua ajuda técnica e tradicional disposição para que estas demandas se concretizem.

Atenciosamente,

Silverio Nery
Presidente da FEMESP e da CBME
Bernardo Collares
Presidente da FEMERJ
Edson Santiago
Presidente do GEAN


Abraços!

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